quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Em branco

De tudo que não é feito
De poemas não escritos
De quadros não pintados
De esculturas não talhadas
De filmes não filmados
De cigarros não fumados
De livros não lidos
De erros não cometidos
De acertos não acertados
E de sóis não raiados
De tudo isso é feita
A nossa vontade
A nossa maldade
A nossa realidade
Dessa anti matéria
Vêm nossas idéias
Que só rimam com geléias
De todo esse vazio por fazer
Emana a genialidade
O potencial da humanidade
Desse escuro sai a claridade
A luz da criatividade
Depois de tanto dade
De tanta expressividade
Percebo que é no inexistente
É o que habita o inconsistente
Tudo aquilo que é impotente
Frustrado, murcho, encolhido
Tudo que poderia ser escolhido
Desenvolvido e produzido
Tudo aquilo que presta
Tudo que vale a pena
Aquilo que evolui, que refina
Que enobrece e edifica
Está fadado ao quase
Ao quem sabe e o porque não
O outra hora e o será em vão
Os poetas ignorantes
Os físicos insensíveis
Os deuses insensatos
Os homens infelizes
De planos infalíveis


Tá todo mundo na merda.

Um comentário: