segunda-feira, 10 de maio de 2010

De volta para o futuro

O futuro deve ser como os filmes: um universo desconhecido, pessoas estranhas e situações que me parecem de outra vida que não a minha. Tenho medo de não conhecer atualmente ninguém que faça parte do meu futuro, tenho medo de ter que começar do zero algo que não sei bem o que é. A solidão que tanto me atrai creio que no plano real me desesperaria. Não quero crer que há males que vêm para o bem, nem que há outra rotina além da atual. A idéia de outra vida em uma mesma existência é algo que me deprime profundamente, me faz pensar que sou em vão e que em breve perderei a aurora da minha vida, que os anos não trazem mais. O padrão ampulheta que seguimos é tão assustadoramente insensível que me faz querer desistir de esgotar a areia, ou mesmo de vê-la pela metade. E soluço com o mais sólido embasamento científico: de amizades que foram e não são mais, de momentos que existiram e não voltam. É por essas e outras que, cada vez mais triste, afirmo: o futuro chegou, e vem varrendo minha história como o vento varre a areia do deserto.

Um comentário:

  1. Um dia me falaram : todos são dispensáveis. Todos os amigos com quem convivemos, colegas do dia a dia, todos poderiam ir embora, que estaria a mesma coisa. Para mim isso foi um golpe no peito. Nunca tinha pensado desse jeito. Eu tambem era dispensavel? Poderia eu ir embora e ninguém notar?
    Demorei para pegar a ideia. O problema não é ninguém notar sua ausência ou voce a dos outros. O que acontece é que, no final... Tudo o que fazemos deve ser para nós. O egocentrismo vale aqui: a solidão não alcança uma boa auto-estima. Só somos felizes se vivemos com outras pessoas, pelo menos eu e voce e nossos amigos, como estamos acostumados. Mas para começar, comecemos dentro, o que me faz feliz? o que me deixa relaxado, o que me dá prazer? Se a gente consegue alcançar isso sem depender de mais nada, nada, nada, se dormir já é bom, comer, chorar, respirar, não importa onde estivermos, com quem estivermos, como estivermos - vamos levar. E por isso todos são dispensaveis. Menos eu.

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